sábado, 9 de abril de 2011

Primeiro passo para derrotar Passos e Sócrates

O que mudou após o encontro de ontem entre as direcções do BE e do PCP?

Bem, antes de mais, ouvi e li reacções desiludidas de muitos entusiastas da convergência entre os dois maiores partidos da esquerda. Acho que é importante ser crítico, estar atento, mas não ser totalmente negativista.

Assim, vejamos primeiro o que consideramos positivo, à saída da reunião de ontem:

1) BE e PCP sentaram-se à mesa e discutiram a convergência. Isto é um salto de tremenda importância, face ao sectarismo recíproco que afecta tanto um como o outro partido. Ai de quem falava de uma convergência com o PCP, nas convenções do BE! Não posso falar por experiência própria em relação ao PCP, mas depreendo que não estivessem mais abertos ao diálogo.

2) Depois, os dirigentes convergiram no tocante à necessidade de um governo de esquerda, que solucione o défice social do país, promova emprego e a produção, faça frente aos agiotas e promova o desenvolvimento económico e social, preservando a soberania da república. Constataram também, e isto não é de menor importância, que outras forças e sectores políticos de esquerda, assim como os independentes, deveriam participar nesse governo.

Foram estes, na minha perspectiva, os dois grandes avanços desta reunião. No entanto, como já disse, devemos ser críticos e estar atentos, de forma a que temos de realçar também o que não foi tão positivo.

A meu ver, a convergência deveria ter lugar ainda antes das eleições, ou seja, durante a campanha eleitoral, através da apresentação de uma plataforma eleitoral, sustentada num programa comum de governo. Ora, tal não aconteceu. Como sabemos, existe uma grande fatia de votos que acabam por ser entregues ao PS devido ao pernicioso argumento do "voto útil". Desenganem-se se acham que isso não vai acontecer de novo. De certeza que vamos ter, de novo, os PS's a vociferar aos quatro ventos: "Apre, que vem aí o Passos! Se nós fomos duros, imaginem como será um governo PSD, com um presidente PSD! Votem em nós, porque nós temos condições, de facto, para formar governo!"

Portanto, se BE e PCP avançassem coligados, seria muito mais fácil rebater esta argumentação e tenho a certeza absoluta que muitos votos "tradicionais" do PS iriam ser dirigidos para a coligação da esquerda anti-capitalista. De qualquer forma, o caminho está a ser trilhado. Esperemos que as direcções do BE e PCP correspondam às expectativas que as massas depositam nelas. Esperemos que a convergência se concretize nos actos e que tenhamos em breve um governo de esquerda. Esperemos, ainda que a esperança num futuro risonho seja cada vez menor...

2 comentários:

LAM disse...

Desculpem o abuso mas, sobre este tema, acho que carece de toda a divulgação este post de Zé Neves no Vias de Facto:
http://viasfacto.blogspot.com/2011/04/primeira-declaracao-de-voto.html

Tiago Silva disse...

"Não há solução governativa de esquerda sem o PS? Admitamos que não. Mas o problema, porém, é este: é que também não há solução governativa de esquerda com o PS."

Bom texto, sim senhor!