quarta-feira, 27 de abril de 2011

Movimentos e movimentos

Movimento “Mais Sociedade” sugere que salários dos magistrados dependam do seu desempenho

O advogado Jorge Bleck gosta muito de "movimentos" (já veio o "compromisso portugal", agora é o "mais sociedade"). Gosta muito também de dar sugestões. E uma pessoa desprevenida, num primeiro impulso, pensa: Boa!

O advogado Bleck é também um quadro influente do PSD ( e que até está a ajudar a construir o magnífico programa eleitoral do PSD), é um advogado de accionistas do maior banco português, etc., etc.

É portanto, este "Dr." que nos apresenta sugestões para a melhoria da gestão da "Justiça", é ele que nos apresenta sugestões de adopção de uma certa moralidade relativamente aos dinheiros públicos.

O Sotôr ainda sugere, e completamente de forma desinteressada,  "abrir a carreira de juiz a advogados, professores de direito e juristas de reconhecido mérito. De acordo com Jorge Bleck, “todos os advogados com pelo menos dez anos de prática e mais de 32 anos de idade podem aceder ao cargo de juiz de um tribunal de 1.ª instância”."

As palavras a quem as diz. 
Não importa aqui, tanto, a falta de originalidade e seriedade da primeira proposta e o caricato da segunda proposta. Isso será para outras viagens.

Importa apreciar como o palco é orgulhosamente ocupado por este tipo de oradores, por este tipo de "representantes", por este tipo de "opinion makers".

E é apreciando, que nos apercebemos que o palco anda a ser ocupado por gente que nos transforma em surdos. Porque as palavras já não são ditas, são vomitadas. E não há pachorra para vómitos verbais.


1 comentário:

Tiago Ribeiro disse...

Esse Jorge Bleck é um ponto. Aqui há atrasado foi autor de um dos textos-base da revisão do programa do PSD para o sector da Justiça. Uma das propostas em discussão passa pela introdução do princípio da concorrência entre os tribunais, de forma a estimular o desempenho judiciário por via da pressão da procura. A ideia é devolver aos cidadãos e às empresas a possibilidade de optarem pelas instituições mais pródigas em «sentenças céleres e de qualidade». Para bolachas, serve. Liberdade individual e empresarial na provisão de bem-estar e na prestação de serviços - toda. Estado de direito e função judicial - lamentamos, mas não se compadecem com experimentalismos que atentem contra o princípio da igualdade no acesso à justiça e contra a integridade do Estado. Por mais bloqueios, ineficiência, desperdício e impunidade em que o aparelho judicial é perito, as reformas na administração da justiça que abrem portas à dualização de critérios e resultados são pornograficamente antidemocráticas. E esse senhor é pornograficamente grunho.