Ontem fiquei presa à televisão. O filme "O Escafandro e a Borboleta" despertou-me o interesse que foi mais forte do que o cansaço que sentia.
Desde que finalizei o processo de construir uma tese à volta do tema Eutanásia, não voltei a debruçar-me com a devida atenção sobre o assunto.
O filme retrata uma história real. Fala sobre a história de um homem mediático, Editor da revista ELLE, que sofreu um acidente vascular cerebral. Quando acorda do coma, comunicam-lhe que está totalmente paralisado, sendo que a única coisa que consegue mexer é o seu olho esquerdo, e sofre do síndroma "locked in".
O senhor é rodeado de terapeutas. Uma delas recita-lhe o alfabeto, para que escolha uma letra piscando o olho, sendo assim que comunica com quem o rodeia.
Há uma cena que, em especial, incomoda. Quando ele, através do seu meio de comunicação, diz que quer morrer.
A terapeuta reage indignada, dizendo que é uma obscenidade o que ele comunicou e que há muita gente que gosta dele.
Eu reajo indignada contra "profissionais" que fazem isto. Já nem falo na questão do respeito da vontade do doente, falo no respeito por essa manifestação de vontade, sem recorrer a ofensa e chantagem emocional. Sem causar ainda mais dor com este género de atitudes.
O respeito é importante em qualquer fase ou situação na vida, acho que se torna ainda mais importante nestas alturas. Se não conseguimos aceitar a nossa própria dor, ao ver alguém que gostamos neste género de situações, é algo que nos compete tratar junto de outras pessoas se for preciso. É o nosso problema.
Resta acrescentar que o senhor acaba por morrer ao fim de dois anos, apenas evoluindo no sentido de conseguir mover ligeiramente a cabeça. Durante esse período de tempo, e através do seu meio de comunicação, construiu um livro que conta a sua história.
Talvez seja tempo de voltar a debruçar-me.
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