Outro dia perguntaram-me "como é que um gajo como tu se dá com gente como nós?"
Quando frequentei a escola, queriam que me fechasse em copas. Porque os meus colegas eram arruaceiros, diziam, eu tinha que me fechar e continuar, melhor que eles, agarrado às notas. Para que quando saísse dali, diziam, eu pudesse ser melhor do que eles.
Não o fiz, eventualmente acabando afastado pelos próprios professores (!) e tenho agora o vago orgulho de amizades duradouras, de me saber capaz de lidar com qualquer um.
Quando cheguei à universidade, queriam pôr-me de quatro, queriam que respeitasse uma qualquer ordem arbitrária e ridícula. Eles e elas, eminente elite educada do país, vestiam-se a rigor, badalavam os princípios elementares dessa praxe que transmite a integração pela humilhação e pelo respeito fictício.
O ciclo repetia-se? Desta vez a resistência foi mais feroz, senti-me contrário a uma vaga de psicose alastrada do do unto others, assisti impávido enquanto pessoas - inteligentes, capazes - se submetiam às vontades de um alarve imbecil que dava pelo título de Dux. Afastei-me, outra vez, fui ter com os "extremistas drogados" da república e encontrei amigos a sério.
Conto isto porque não me surpreende, no sentido resignado e triste da falta de surpresa, quando as piores previsões que faço a este pardieiro de país se confirmam:
link
Atentai. O objectivo do governo é claro: estratificar o ensino. Privilegiar os privilegiados, canalizar os bons para boas escolas, empurrar os menos bons para escolas menos boas.
Propagandeemos o mérito e a estratificação, porque já nada mais se espera desta gente do que o sentido imerecido de glória. Vamos, todos, dividir a sociedade entre os "excelentes", os "muito bons" e os "bons". Admirável mundo novo suspenso no arbitrário e no orgulho efémero, oco; não há Huxley que nos valhe.
Quanto a mim, vou continuar com os rejeitados. Esta luta é incomensurável. Serei a mudança que quero ver neste mundo, como diria o profeta, e definir-me-ei por com quem ando. Como dizia o povinho.
E dia 12 vou ao Porto.
Quando frequentei a escola, queriam que me fechasse em copas. Porque os meus colegas eram arruaceiros, diziam, eu tinha que me fechar e continuar, melhor que eles, agarrado às notas. Para que quando saísse dali, diziam, eu pudesse ser melhor do que eles.
Não o fiz, eventualmente acabando afastado pelos próprios professores (!) e tenho agora o vago orgulho de amizades duradouras, de me saber capaz de lidar com qualquer um.
Quando cheguei à universidade, queriam pôr-me de quatro, queriam que respeitasse uma qualquer ordem arbitrária e ridícula. Eles e elas, eminente elite educada do país, vestiam-se a rigor, badalavam os princípios elementares dessa praxe que transmite a integração pela humilhação e pelo respeito fictício.
O ciclo repetia-se? Desta vez a resistência foi mais feroz, senti-me contrário a uma vaga de psicose alastrada do do unto others, assisti impávido enquanto pessoas - inteligentes, capazes - se submetiam às vontades de um alarve imbecil que dava pelo título de Dux. Afastei-me, outra vez, fui ter com os "extremistas drogados" da república e encontrei amigos a sério.
Conto isto porque não me surpreende, no sentido resignado e triste da falta de surpresa, quando as piores previsões que faço a este pardieiro de país se confirmam:
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Atentai. O objectivo do governo é claro: estratificar o ensino. Privilegiar os privilegiados, canalizar os bons para boas escolas, empurrar os menos bons para escolas menos boas.
Propagandeemos o mérito e a estratificação, porque já nada mais se espera desta gente do que o sentido imerecido de glória. Vamos, todos, dividir a sociedade entre os "excelentes", os "muito bons" e os "bons". Admirável mundo novo suspenso no arbitrário e no orgulho efémero, oco; não há Huxley que nos valhe.
Quanto a mim, vou continuar com os rejeitados. Esta luta é incomensurável. Serei a mudança que quero ver neste mundo, como diria o profeta, e definir-me-ei por com quem ando. Como dizia o povinho.
E dia 12 vou ao Porto.
1 comentário:
Antes de qualquer coisa, sublinho que uso a expressão "rejeitados" e "drogados" com todo o sarcasmo que consigo conceber.
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