terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Contra o Mérito


Esta coisa da auto-avaliação constante da função pública passou, aplicou-se e é efectiva. Rapidamente se esqueceram os protestos, rapidamente se passou de contestar a existência de um modelo de avaliação para se contestar apenas a forma como esta avaliação é feita.

No caso concreto dos professores, já não ouço nada que não confirme o veredicto: a avaliação é coisa porreira, veio para ficar, é uma questão de como se faz. Isto vindo da direita, da esquerda, dos sindicatos, das próprias escolas - que no início se opuseram - e também de muitos professores. Com comentários que vão do fundamentado ao, como já li, "é bem feito, que avaliam os alunos impunemente e agora vão provar do remédio" (!).

Ora: a formação é dada pelo sistema de ensino! Por que raio é que se torna aceite a ideia de que seremos avaliados a vida toda? Sem parar! Todo o santo ano! Sempre e constantemente a provar o nosso valor porque deus sabe que eu deste ano para o outro afundo em incompetência.

Uma lógica de mérito pérfida, que vantajeia o conivente e o subserviente. Que privilegia, ainda por cima e neste caso, o compadrio e a eficiência de fachada! Até quando vamos impor "metas" arbitrárias?

Esta nova premissa da "avaliação de desempenho", que pouco ou nada releva para a qualidade da formação e do trabalho, contribui sobretudo (fundamentalmente!) para a microestratificação das relações sociais. Incentiva à competição e, subsequentemente, ao conflito interno. Pauta-se pela velha noção de progresso fundamentada não pela criação de inter-ajuda orgânica mas sim pelo atrito constante e pela vontade de poder.

Caro(a)s: O mérito "tem-se". O valor de uma pessoa não é uma capacidade mensurável, quantificável em relatórios e duas ou três opiniões do chico-esperto do teu colega de trabalho. Querem um bom profissional? Que tal mandar as pistolas para o lixo e pensar em como dar-lhe condições para que viva bem?

1 comentário:

Tiago Silva disse...

Muito bem! :)